Lina Bo Bardi, uma das mais importantes arquitetas da história brasileira, foi reconhecida postumamente pela Bienal de Veneza com o Leão de Ouro Especial pelo conjunto de suas conquistas.
Recomendada por Hashim Sarkis, curador da Biennale Architettura 2021, e posteriormente aprovada pelo Conselho de Administração da La Biennale di Venezia, Lina Bo Bardi foi elogiada por Sarkis na seguinte declaração:
Se há uma arquiteta que incorpora da forma mais adequada o tema da Biennale Architettura 2021, esta arquiteta é Lina Bo Bardi. Sua carreira como designer, editora, curadora e ativista nos lembra o papel do arquiteto como organizador e, mais importante, como construtor de visões coletivas. Lina Bo Bardi também exemplifica a perseverança da arquiteta em tempos difíceis, sejam guerras, conflitos políticos ou migração, e sua capacidade de permanecer criativa, generosa e otimista durante todo o processo. [...] Acima de tudo, são seus pujantes edifícios que se destacam em termos de projeto e na forma como unem arquitetura, natureza, vida e comunidade. Em suas mãos, a arquitetura se torna verdadeiramente uma arte social que convoca as pessoas.
Nascida na Itália, Lina Achillina Bo estudou arquitetura na Universidade de Roma, mudando-se para Milão após a graduação. Com o escritório destruído na Segunda Guerra Mundial, Bo Bardi, junto com Bruno Zevi, fundou a revista A Cultura della Vita. Integrante do Partido Comunista Italiano, conheceu o crítico e historiador de arte Pietro Maria Bardi, com quem posteriormente se mudaria definitivamente para o Brasil.
Em solo brasileiro, Bo Bardi passou a assimilar novas influências e estudou a cultura brasileira do ponto de vista antropológico a partir de suas experiências no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Seu legado se reflete em projetos emblemáticos, dentre os quais se destacam a Casa de Vidro, o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Solar do Unhão, a Casa Chame-Chame, o Sesc Pompeia e o Teatro Oficina em 1984.
O Instituto Bardi comentou:
Esperamos que a edição de 2021 de La Biennale – em vez de aumentar sua popularidade como um ícone da arquitetura – ajude a contextualizar e comunicar ainda melhor a profundidade da visão crítica de mundo de Lina Bo Bardi: sempre cuidando dos menos representados culturalmente, sempre consciente da importância da diversidade na arte e na arquitetura, e comprometida com uma abordagem multidisciplinar da arquitetura, reunindo pessoas de diferentes contextos. O Leão de Ouro Especial de 2021 ressoa com o impacto das palavras da própria arquiteta: a vida e a obra de Lina Bo Bardi não são do passado, mas ainda muito do presente. Na verdade, elas parecem mais relevantes hoje do que nunca, marcos do patrimônio arquitetônico e humano.
O Leão de Ouro Especial pelo conjunto da obra é um reconhecimento aprovado pelo Conselho Administrativo de La Biennale di Venezia por recomendação da Biennale Architettura. No entanto, arquitetos premiados postumamente são uma exceção. Antes de Bo Bardi, o arquiteto japonês Kazuo Shinohara foi laureado como Leão de Ouro Especial pelo conjunto de sua obra em 2010, por recomendação de Kazuyo Sejima, curadora da Biennale Architettura daquele ano.
Confira a abrangente cobertura da Bienal de Arquitetura de Veneza 2021 realizada pelo ArchDaily. Não deixe de assistir à nossa playlist oficial no Youtube, onde apresentamos entrevistas exclusivas com arquitetas, arquitetos e curadores da Bienal.
Via La Biennale di Venezia.